quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Eficiência energética ganha espaço em hospitais cariocas

A preocupação com o melhor aproveitamento dos recursos e a eficiência energética começam a ganhar terreno no setor de saúde. Diversos hospitais começam a investir para reduzir o consumo de energia de suas operações. Iluminação e climatização eficientes e substituição de equipamentos estão entre as principais iniciativas tomadas pelos estabelecimentos para economizar na conta de luz. As distribuidoras, através de seus programas de eficiência energética, também têm colaborado com a melhoria das instalações das unidades hospitalares.

É o caso da Light. A distribuidora, que atende a 30 municípios do Rio de Janeiro, investiu, na última década, R$ 25,4 milhões na realização de 33 projetos de eficientização energética em hospitais. Deste total, 24 já foram concluídos e as unidades economizaram 25,7 GWh/ano. Os projetos contemplam, segundo a companhia, hospitais vinculados aos governos federal, estadual e municipal, além de unidades beneficentes. 

Entre as unidades hospitalares beneficiadas estão o Hospital Municipal Souza Aguiar, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e o Hospital Estadual Getúlio Vargas. A Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, a Santa Casa de Barra Mansa e a Santa Casa de Barra do Piraí figuram entre as unidades beneficentes participantes do programa da companhia com medidas de eficiência energética. 

A substituição dos sistemas de iluminação, climatização, autoclaves, motobombas e instalação de sistema solar para aquecimento de água estão entre as principais soluções adotadas nos hospitais. De acordo com o superintendente de Relações Institucionais da Light, Eduardo Camilo, a companhia opta por soluções que ofereçam, além de economia de
energia, conforto aos pacientes, visitantes e profissionais da saúde. Para o executivo, as medidas de eficiência energética trazem diversas vantagens aos estabelecimentos hospitalares.

"Há os benefícios diretos da eficiência energética, como melhor utilização da energia, conservação do meio ambiente e redução no consumo. Com essa redução, o valor da conta diminui, adequando o montante a ser pago à capacidade de pagamento do órgão público. Existe ainda o benefício de forma indireta, como a melhoria das instalações que recebem os pacientes.

As instalações passam por uma completa modernização, tanto na parte da iluminação como no sistema de ar condicionado das unidades. Estas ações colaboram para o conforto dos pacientes, visitantes e profissionais e, ainda, para a conservação de medicamentos. Trata-se de um duplo benefício para a população atendida nestas unidades", argumenta Camilo. 

Um dos casos de grande sucesso para a companhia foi a eficientização no Hospital Universitário Pedro Ernesto. Além da troca dos sistemas de iluminação, as medidas contemplaram o condicionamento ambiental do centro cirúrgico. "Tiramos ar condicionados que eram ainda de janela e passamos para um ar condicionado central com tratamento de ar, que faz com que o ar que entre do exterior venha totalmente livre de qualquer tipo de bactéria e também que o ar que saia do centro cirúrgico saia esterilizado. O paciente passa a ter uma melhor qualidade onde está sendo atendido", explica Camilo. O ar é tratado com lâmpadas ultravioleta na entrada e na exaustão. Além disso, o sistema isola os ambientes e controla automaticamente sua pressão, evitando a contaminação de pacientes e médicos.

No projeto, concluído em 2009, a Light investiu em torno de R$ 2,2 milhões. A economia do hospital foi de 1.004 MWh/ano. O custo da energia economizada ficou em R$ 159,01/MWh e a duração média dos benefícios é de cinco a dez anos. A eficiência energética, segundo Camilo, tem um papel importante no ponto de vista do negócio da Light. "O programa de eficiência energética é importantíssimo para empresa, pois está ligado à nossa missão no tocante à sustentabilidade, uma vez que promove um consumo mais inteligente, respeitando o meio ambiente e melhorando a qualidade de atendimento da população da nossa área de concessão".

As construções eficientes também começam a ter espaço no Rio de Janeiro. No bairro de Cascadura, o hospital Norte D'Or trouxe a sustentabilidade à unidade a partir da sua construção. Cerca de R$ 1 milhão foi investido nas medidas de eficiência energética, que incluem um sistema de gerenciamento e supervisão eletrônico dos sistemas de energia e ar condicionado, que são capazes de monitorar e informar as condições de trabalho e consumo dos diversos equipamentos e do suprimento geral de energia. 

Também foi implantada uma “inteligência” no funcionamento do ar condicionado, que é a maior fonte de consumo de energia do prédio. Os equipamentos têm compressores de capacidade variável, ou seja, capazes de produzir frio na exata quantidade solicitada pelo sistema e, consequentemente, consumir energia correspondente. Ao contrário dos equipamentos convencionais, que são do tipo on-off, estes possuem uma curva de rendimento versus o consumo linear.

As bombas de circulação de água do ar condicionado são capazes de “acelerar e desacelerar” conforme a quantidade de água efetivamente solicitada. "Assim, se um quarto ou sala cirúrgica estiver desocupado ou com o aparelho de ar condicionado desligado, não haverá circulação de água gelada nesta máquina. Consequentemente, a bomba vai desacelerar e mandar menos água para o sistema, consumindo menos energia", explica o arquiteto responsável pela implantação e gestão da obra do Norte D’Or, Romero Badin. 

Segundo Badin, os resfriadores especiais, com bateria de filtros de ar necessários para o centro cirúrgico, também são dotados de motores com velocidade variável. "São motores dimensionados para funcionar com os filtros no limite máximo de entupimento admissível. Entretanto, na maior parte do tempo, quando os filtros oferecem pouca resistência à passagem do ar, os motores são desacelerados, garantindo sempre a mesma vazão e consumindo somente a energia efetivamente necessária, sem desperdício", diz ele.

No hospital, também foi implantado um sistema de recuperação de calor do ar condicionado, ou seja, todo o calor produzido pelas máquinas é utilizado para aquecer a água de consumo para a cozinha e banheiros. Com isso, é possível aumentar a eficiência do sistema e economizar energia para aquecimento de água. As caldeiras de cozinha e geral do hospital são acionadas a gás e têm alto rendimento. O prédio foi dotado com vidros especiais e com boa passagem de luz, para evitar o desnecessário acendimento de luz artificial. Os telhados verdes, capazes de impedir a passagem de calor pelas lajes e otimizar o sistema de ar condicionado, também foram adotados no hospital.

Dependendo do período, o gasto do Norte D'Or com energia elétrica pode chegar a R$ 80 mil por mês. A expectativa, segundo Badin, é economizar, com as medidas de eficiência energética, 8% na conta de luz. "Independentemente da vantagem financeira que é clara, pensamos também na preservação do meio ambiente, que é uma preocupação atual e faz parte constante do pensamento dos executivos da empresa", declara.

Com uma média de R$ 100 mil em gastos com energia, o Hemorio também tem modernizado suas instalações. A unidade investiu no ano passado R$ 500 mil na substituição de forros e luminárias. A troca de forros escuros por brancos permite o reflexo de maior intensidade da luz. Os reatores passaram a ser eletrônicos e as lâmpadas fluorescentes de 32 watts foram as escolhidas pelo hospital. "Os reatores eletrônicos e as lâmpadas fazem um conjunto elétrico cerca de 15% mais econômico. Ao todo, foram substituídos mais de 4.800 m² de forro e mais de 1.200 luminárias completas com reatores eletrônicos e as lâmpadas", explica a diretora de Administração e Recursos Humanos do Hemorio, Fátima Ribeiro. 

Hospital Norte D'Or: medidas de eficiência
energética em nome da sustentabilidade
O Hemorio também está substituindo gradativamente os equipamentos de ar condicionado. Os modelos antigos, segundo Fátima Ribeiro, consumiam cerca de 40% a mais que os equipamentos novos. De acordo com ela, evitar o desperdício de água também tem sido um dos objetivos do Hemorio. "As válvulas de descarga estão sendo trocadas por unidades com dois fluxos de água e válvulas para mictório com acionamento manual, permitindo uma economia de água e fazendo uma economia com o acionamento elétrico da bomba d' água".

E os resultados das ações de eficiência energética já podem ser percebidos. "A maior importância é que, além de permitir uma nova utilização da energia elétrica, antes utilizada com maior consumo devido a equipamentos antigos, como reatores e lâmpadas, as novas ações nos permitem também não sobrecarregar a nossa subestação elétrica, além disso, termos uma diminuição da conta de energia", enumera a diretora.

Fonte: Procel Info